Após quatro 2.º lugares, o craque algarvio triunfou em Palmela. Susana Ribeiro foi a melhor jogadora
Tomás Melo Gouveia conquistou pela primeira vez um torneio do circuito profissional português, após ter sido quatro vezes 2.º classificado nas épocas de 2021 e 2022. E é sintomático que essa barreira tenha sido quebrada no Montado Hotel & Golf Resort, onde sagrara-se vice-campeão nos dois anos anteriores.
O jogador de 28 anos venceu o 1.º Torneio do Circuito da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) de 2023, dotado de prémios monetários no valor de 7.500 euros, ao totalizar 134 pancadas, 10 abaixo do Par, após voltas de 68 e 66. Bateu Pedro Almeida (66+69), o líder após a primeira volta, por 1 única pancada, graças a um birdie no último buraco.
Talvez uma justiça poética, uma vez que, no ano passado, fora exatamente por 1 ‘shot’ que perdera frente a Sofia Sá, a amadora que fez história, ao tornar-se na primeira (e única) mulher a vencer um torneio do Circuito FPG, desde que os profissionais puderam aceder a este ‘Tour’. Mais ainda, fora com um birdie no último buraco, o famoso Par-3 com o green numa ilha, que Sofia Barroso o superara em 2022. Foi com um birdie na mesma ilha que ele ‘desforrou-se’ este ano.
Na altura, Tomás Melo Gouveia contara a Record que vivera intensamente esse desafio nos derradeiros instantes: “No último buraco, sabíamos que estávamos empatados e´picámo-nos’ um bocadinho. Eu disse-lhe que quem metesse ganhava, ela (Sofia) meteu o putt e ganhou”.
Foi, por isso, compreensível, que o jogador português do Challenge Tour se recordasse dessa e de outras situações semelhantes, como contou hoje (terça-feira) a Record: “Já estive várias vezes nessa posição e a maioria delas não caiu para o meu lado. Foi desta e fico muito feliz por isso, por ter lidado com essa situação de aguentar a pressão e de ter sido decisivo no último buraco”.
Já em 2021 (-6), também no Montado, Tomás Melo Gouveia perdera o título diante de Tomás Silva (-7) por 1 pancada. E se formos ver outros torneios do que poderemos chamar informalmente de circuito profissional português, Tomás Melo Gouveia viveu outras situações parecidas em 2021.
No 1.º Open XiraGolfe, no Santo Estêvão Golfe, empatou com Tiago Cruz (-8), mas depois, no ‘play-off’, o seu rival meteu um putt de 12 metros para eagle e derrotou-o. Poucos meses depois, voltou a ser 2.º classificado no 1.º Amarante Invitational Pro-Am, atrás de Pedro Figueiredo.
Era impossível não rejubilar por, finalmente, ser ele a ficar com o cheque principal de 1.700 euros, destacando, sobretudo, a qualidade do seu jogo e da forte concorrência: “Saliento o nível de jogo da última formação no último dia. O Tomás Bessa, o Pedro Almeida e eu estivemos muito perto uns dos outros até ao último buraco. Foi muito renhido e não com bogeys ou pares, mas com muitos birdies. Foi muito bom e é para isto que treinamos todos os dias. Foi também bom para preparar a época, para estar numa situação de pressão durante 18 buracos e no 36.º buraco ter de fazer alguma coisa para ganhar o torneio”.
Tomás Melo Gouveia foi acompanhado pela sua namorada como ‘caddie’, a famosa Leonor Bessa, ex-campeã nacional, que ainda há um ano fora 3.ª classificada neste mesmo torneio, antes de encerrar prematuramente a sua carreira. A presença da antiga n.º1 nacional tem-no ajudado várias vezes a obter melhores resultados e voltou a ser o caso. “Joguei muito bem. No primeiro dia não comecei muito bem, não estava a dar bons shots aos greens, mas depois comecei a jogar melhor nos segundos nove buracos. A partir daí estive sempre muito bem. No primeiro dia ‘patei’ melhor, no segundo dia joguei melhor do tee ao green, mas foi muito bom ter feito 10 abaixo do Par em dois dias”, declarou.
O algarvio da Quinta do Lago já tinha competido em janeiro em provas de 10 mil euros do PT Tour, no Algarve, com um positivo 8.º lugar (-2) no Dom Pedro Pinhal Open e um 17.º posto (+1) no Dom Pedro Victoria Open.
“Este início de época está a ser muito bom. Tenho feito um bom trabalho com a minha equipa técnica. No ano passado tive duas lesões chatas, estou a curá-las para ficar a 100%, já estou muito perto dos 100% e é bom estar sem lesões. Agora preciso de torneios e competição”, explicou.
Um dos objetivos da FPG, ao integrar os profissionais no seu principal circuito competitivo desde 2021, é mesmo esse, de dar-lhes ritmo competitivo antes de momentos importantes das suas campanhas internacionais. Tomás Melo Gouveia pretende jogar no Challenge Tour, sobretudo quando esta segunda divisão europeia regressar à Europa. “Tenho objetivos diários relacionados com a minha rotina diária. De resto, o objetivo principal deste ano será garantir o cartão ‘full’ do Challenge Tour (terminar a época nos primeiros 70 do ranking). Se estiver nessa posição, então visar os 45 para ir à Grande Final e depois ter hipóteses do top-20 após a Grande Final do Challenge Tour”, disse, aludindo ao facto do top-20 ascender de divisão, ao DP World Tour, onde milita o seu irmão mais velho, Ricardo Melo Gouveia.
O 1.º Torneio do Circuito FPG foi dominado pelos profissionais, com Tomás Melo Gouveia (-10), Pedro Almeida (-9) e Tomás Bessa (-8) a ocuparem o top-3, mas é preciso elogiar os amadores João Pereira (-4) e Vasco Alves (-2), que meteram-se no top-5, mesmo antes de iniciarem esta semana a sua participação no 93.º Campeonato Internacional Amador Masculino de Portugal, no mesmo campo do Montado.
Vasco Alves empatou em 5.º (-2) com os profissionais Vítor Lopes, Pedro Lencart e Tiago Cruz. Hugo Camelo, igualmente membro da seleção nacional amadora da FPG, foi 9.º (-1) e foi também o último jogador a bater o Par do campo, entre 96 participantes.
A melhor jogadora foi Susana Ribeiro. A profissional da TaylorMade, que já partilha essa atividade com a de comentadora de golfe no Eurosport e de treinadora na Penha Longa, integrou o top-10, no 10.º lugar (+1), empatada com os profissionais Hugo Santos e João Pinto Basto, e ainda com os amadores José Miguel Franco de Sousa e Bernardo Martins. A melhor amadora foi Constança Mendonça, no 25.º lugar (+7).
Foi a quarta vez desde 2021 que Susana Ribeiro cotou-se como a melhor jogadora em torneios do circuito profissional português e no Montado foi a segunda vez em três anos. Em 2021 ficara no 6.º posto (-2) da classificação geral.
É importante informar que, em termos oficiais, a FPG só atribuiu troféus à melhor jogadora amadora, ao melhor jogador amador e ao melhor golfista profissional, ou seja, neste caso, a Constança Mendonça, João Pereira e Tomás Melo Gouveia.
No entanto, Record considera relevante divulgar os melhores resultados de ambos os géneros, independentemente do estatuto de amador ou de profissional dos participantes, por ser salutar e motivador fomentar a competição entre todos. Daí o destaque merecido a Susana Ribeiro por ter sido a melhor jogadora da prova.
Também em termos oficiais, foram ainda premiados Francisca Salgado e Diogo Salgueiro, por terem sido os melhores amadores na classificação ‘medal net’.
A próxima prova do Circuito FPG realiza-se no Ribagolfe Lakes, em Benavente, nos dias 1 e 2 de abril, de novo com 7.500 euros em prémios monetários.
Por Hugo Ribeiro/FPG