Hugo Santos venceu pela terceira vez o Open do Pro-Am do Clube de Golfe da Ilha Terceira (CGIT), o mais antigo e talvez o mais carismático torneio do circuito profissional português, que, em 2022, celebrou a sua 40.ª edição, com 7.650 euros em prémios monetários, 7.050 para o Open e 600 para o Pro-Am.
O português de 42 anos veio de trás, não liderou o torneio nem aos 18, nem aos 36 buracos, mas aos 54 foi ele a triunfar com um agregado de 216 pancadas, a Par do campo açoriano, após voltas de 70, 76 e 70, resultado que garantiu-lhe o primeiro prémio de 1.500 euros.
Hugo Santos bateu por uma única pancada Tiago Cruz, o campeão em título e vencedor da prova terceirense em cinco ocasiões, depois de ter somado ‘scores’ de 74, 70 e 73. Tiago Cruz, um antigo bicampeão nacional (2014 e 2105), recebeu um prémio de 1.250 euros. “Ganhar só por 1 pancada é sempre um aperto no coração até ao final, especialmente quando estamos a falar do Tiago Cruz ali na cola, um jogador com muita experiência, que joga um golfe simples, sem inventar muito”, comentou o agora triplo campeão da prova, em declarações à Tee Times Golf, em exclusivo para Record.
Francisco Oliveira, o líder após a primeira volta, assegurou o 3.º posto (+7) com rondas de 69, 80 e 74, e arrecadou mil euros, enquanto Pedro Almeida, o vencedor do Pro-Am (garantiu 250 euros por isso), que comandava a prova após a segunda jornada, terminou no 5.º lugar (+11), com resultados de 74, 68 e 85, assegurando um prémio de 550 euros.
Antes dele, na 4.ª posição (+10), ficou o açoriano de São Miguel, Francisco Costa Matos, com jornadas de 76, 75 e 75, para um ‘prize-money’ de 750 euros.
O total de 17 participantes efetuou 47 voltas de 18 buracos e só 5 delas foram abaixo do Par. Nenhum jogador bateu o Par do campo aos 54 buracos. Os resultados foram, por isso, piores do que é habitual.
Por exemplo, Hugo Santos tinha ganho em 2017 com 9 abaixo do Par e em 2013 com 5 abaixo do Par, mas as condições meteorológicas tiveram o seu impacto. “O campo estava bom, dentro do que já nos habituaram. O tempo é que não esteve tão bom este ano. Apanhámos um bocado mais de chuva do que noutros anos”, disse Hugo Santos. Note-se que, para além da chuva, houve que contar também com o nevoeiro.
Com o tempo longe do ideal, a experiência tornou-se um fator importante, sobretudo num campo com fairways estreitos, ladeados pelas famosas árvores criptomérias, bem como com os greens de linhas complicadas.
“Gosto de jogar em campos com árvores e assim mais apertadinhos, porque gosto de trabalhar a bola nos dois sentidos (draw e fade), acho um desafio muito interessante”, referiu o antigo campeão nacional (2012) que, realmente, conta com algumas vitórias em campos deste género. Por exemplo, soma dois títulos em torneios do PGA Portugal Tour disputados no Vidago Palace Golf Course.
Hugo Santos sentiu algumas dificuldades no último buraco, sofrendo bogeys em todos os dias, nesse Par 3 de 150 metros: “O buraco 18 tem um green especial e muito complicado para mim. Não consigo apanhar bem a velocidade correta do rolar da bola. E foram três dias a três putts”.
Em contrapartida, sublimou-se com um eagle no último dia, no buraco 7, um Par-5 de 453 metros, que veio a revelar-se fundamental para a sua vitória por 1 ‘shot’: “Foi um belo drive, depois um bom rescue a 206 metros, que ficou a 1,5 metros e meti o putt”.
Em geral, o irmão mais velho de Ricardo Santos – que compete no DP World Tour, a primeira divisão europeia – ficou satisfeito com a sua prestação: “Joguei bem, com bastante consistência. Só o segundo (dia) não foi tão bom. Já no putt, estive muito mais inconsistente. No segundo dia, por exemplo, fiz 4 acima do Par com cinco greens a três putts”.
Hugo Santos é agora treinador no Clube de Golfe de Vilamoura, mas foi um dos melhores amadores da Europa no seu tempo e como profissional continua a dar cartas em Portugal. No ano passado venceu um dos torneios do Circuito da FPG (que desde 2021 incluir profissionais) e esta vitória na Terceira mostra que continua forte, sobretudo quando é importante contar com a experiência.
“Desde muito cedo que comecei a ser competitivo. Odeio perder, especialmente se jogar mal. Perder a jogar bem ainda passa, mas sim, gosto muito de competir e, apesar das aulas, sempre que posso participar em algum torneio, estou lá. Esse é o meu ‘vício’”, referiu o antigo campeão da Europa de profissionais de ensino.
O Open Pro-Am da Terceira, por ser organizado pelo clube local – um dos clubes mais tradicionais e singulares do país –, e não diretamente pela FPG ou pela PGA de Portugal, reveste-se de um estatuto especial.
O seu programa inclui também um Pro-Am e torneios paralelos para amadores, um formato que era único, embora nos últimos tempos esteja a ser reproduzido (com sucesso) por outros dois torneios de clubes, o Open Xiragolfe (da PGA de Portugal) no Ribatejo e o Amarante Golf Open (da FPG) em Trás-os-Montes.
Há ainda uma série de atividades lúdicas para todos os participantes, o que faz com que acabe por ser uma semana diferente, na sempre apetecível Região Autónoma dos Açores.
Alguns dos profissionais que todos os anos viajam à Terceira para o evento, garantem tratar-se do seu torneio preferido do ano. “Eu sou, sem dúvida, um desses profissionais”, assegura Hugo Santos. “Adoro ir à Terceira e jogar este torneio. Há mais fatores que tornam-no num torneio especial, porque também gosto muito do campo, a gastronomia é ótima e os sócios e pessoas da Terceira, recebem-nos sempre muito bem. Também vão assistir às nossas voltas de golfe e isso faz-nos sentir bem, faz-nos sentir bem-vindos. Por fim, claro que conseguir ganhar lá, é a cereja no topo do bolo”, acrescentou.
Durante muitos anos, o Open Pro-Am da Terceira não contava para nenhum ranking, mas há dez anos a esta parte a PGA de Portugal passou a sancionar a prova e atribui pontos quer para a Ordem de Mérito, quer para o Ranking da associação dos profissionais portugueses.
A FPG criou, entretanto, um novo ranking para profissionais portugueses e é, sem dúvida, o melhor indicador do que vão fazendo os nossos profissionais, tanto no circuito nacional como nos ‘tours’ internacionais.
Hugo Santos, por exemplo, é o 12.º classificado, com cinco torneios disputados, com três top-10’s em torneios do circuito profissional português, e ainda com outro top-10 e mais um top-20 no circuito internacional PT Tour.
Até ao momento, a FPG ainda não decidiu se o torneio terceirense irá atribuir pontos para esse ranking. “Acho que deveria contar, porque penso ser um torneio que reúne todas as condições para isso, no entanto, é algo com que não me preocupo”, limitou-se a comentar Hugo Santos.